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Archive for the ‘Pesquisa’ Category

A filosofia de Nietzsche é um instrumento de combate, um instrumento conceitual indispensável para uma crítica radical dos valores da sociedade contemporânea.

Hoje ninguém mais duvida da existência de uma intensa e extensa crise de valores das sociedades atuais. Mas foi ainda no século XIX que o filósofo alemão Friedrich Nietzsche realizou, e não a primeira, a crítica mais radical das sociedades modernas, que ele considerou como niilistas e decadentes. (Texto de orelha do livro Nietzsche e a  Verdade, de Roberto Machado)

(…). Nietzsche foi um dos primeiros pensadores a apontar a existência de um lado sombrio da Modernidade, disfarçado geralmente sob uma aura de progresso científico e avanço tecnológico. (Texto de orelha do livro  A Genealogia da Moral, tradução de Mário Ferreira dos Santos)

“Deus está morto!” – com esta afirmação Nietzsche aponta o maior acontecimento da “história universal” e localiza, assim, o ponto de partida de sua reflexão filosófica. Deus é sinônimo de transcendência, de idealidade; ele é o fundamento e a garantia dos valores absolutos: Belo, Bem, Verdadeiro. (Luciana Zaterka, http://www.fflch.usp.br/df/gen/pdf/cn_01_05.pdf)

 E então…?

  • Ler os textos de Nietzsche não é tarefa fácil e, ainda se fosse, falar de Filosofia requer um certo cuidado porque mexe, afinal, com os nossos pensamentos. Questionar a si e a sociedade em que vivemos é algo doloroso porque veremos, de fato, o caos que se apresenta. E por falar em caos porque não pensar em Nietzsche? Nietzsche revelou o seu desagrado ao mundo idealizado em que sonhavam as pessoas morar, e com isso ganhou alguns apelidos: Nietzsche foi chamado já de pessimista, ateu, louco e por aí vai uma infinidade de pré-julgamentos.
  • Nietzsche foi um bom filho, um bom aluno e um bom professor (era professor universitário) e sofre muito a influência dos escritos de Arthur Schopenhauer, “o cavaleiro solitário”, mais um dos “pessimistas”. Na verdade, em linhas gerais Schopenhauer não se enquadrava no século XIX e introduziu o pensamento budista no pensar alemão da época. Para ele, a felicidade só poderia ser de fato alcançada com a anulação de toda e qualquer Vontade, sendo o homem um ser de Paixões e Vontades… Somente em estado de Nirvana* o homem anularia as Vontades.
  • Com essa influência e outras e as próprias reflexões, Nietzsche vai percebendo o quanto a sociedade está decadente e então temos a célebre frase “Deus está morto”. Nietzsche nega a existência dessa Transcendência (Deus) nessa sociedade decadente. E quem mata Deus, então? Nietzsche ou as próprias pessoas?
  • Nietzsche também fala das regras morais para conduzir os homens em sociedade, questionando a liberdade de ser: “Essa moral heterônoma, imposta, escolhida pelos dominadores, imposta pelo passado e predominante no presente pela vontade dos que representam os interesses do passado, é odiosa para mim. Quis substituir o “tu deves” pelo “eu quero”. O homem não é homem enquanto não puder praticar esse grande ato de liberdade, que o tornará senhor de si, quando respeitará a dignidade alheia por amor à sua própria dignidade, e assim o fará porque quer e não porque deve.” (Nietzsche, A Genealogia da Moral.)

AOS QUE AFIRMAM QUE O HOMEM É INCAPAZ DE ATINGIR ESSE REINO DE LIBERDADE, REPLICO-LHES QUE É A SUA FRAQUEZA QUE FALA ATRAVÉS DE SUAS PALAVRAS.

FRIEDRICH NIETZSCHE

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significa “extinto” ou “apagado”; isso equivale a dizer que o ego é extinto. O ego é transcendido.

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PAULA CRISTINA

Para saber mais:

http://www.fflch.usp.br/df/gen/index_port.html

http://www.fflch.usp.br/df/gen/pdf/cn_01_05.pdf

http://neurosefreudiana.wordpress.com/2009/07/12/friedrich-nietzsche-e-o-auto-conhecimento-e-ausencia-de-si/

http://filosofiaevertigem.wordpress.com/2009/05/29/nietzsche-tracos-biograficos/

 

 

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O primeiro pensamento que se deve passar na cabeça de qualquer educador em relação á matemática é o que é Matemática e para que ela serve?

“Contar a história da disciplina que está sendo estudada pode ser uma forma de ilustrar as aulas e motivar os alunos. Assim, também o professor de Matemática pode e deve lançar mão desse recurso, apresentando à classe fatos interessantes sobre a vida dos matemáticos famosos, bem como descobertas e curiosidades nessa área do conhecimento” (NETO)

Quando estudamos a Língua Portuguesa, não estudamos os escritores famosos e conhecemos as suas obras? Então, por que não conhecer melhor os matemáticos? Essa pergunta faz sentido, pois atribui significado ao processo ensino-aprendizagem do aluno. Isto significa que ele está não só aprendendo a lidar com o raciocínio matemático, mas também torna esta disciplina significativa, quando o professor enfatiza a questão social e histórica.

“A missão dos educadores é preparar as novas gerações para o mundo em que terão que viver”. (SANTALÓ)

“(…) Trata-se de uma história social da Matemática, que coloca essa ciência como algo humano, um fato social, resultado da colaboração de todos, e que é estritamente ligada ás necessidades sociais.” (SANTALÓ)

O professor deve atentar para o fato de que cada faixa etária possui um certo nível de abstração para compreender a Matemática, logo é desejável que o conhecimento matemática parta do Concreto para o Abstrato, com a didática que melhor possibilite o aluno a internalizar e utilizar em sua vida o conteúdo apreendido e não apenas ser capaz de resolver contas e exercícios de fixação e memorizar fórmulas. Corrobora com esta idéia Neto ao afirmar que “(…) devemos considerar quando estamos lecionando, procurando colocar o assunto no nível do desenvolvimento do aluno”.

“Aos professores de matemática compete selecionar entre toda a matemática existente (…) aquela que possa ser útil aos alunos em cada um dos diferentes níveis de educação. (…)” (SANTALÓ)

Como o mundo contemporâneo parece, cada vez mais, estar acelerado com as ideias e informações, é preciso que o professor incorpore esse movimento em suas aulas, para que o ensino possa ser mais atrativo e contextualizado com a realidade.

(“…) A vida tem-se tornado mais difícil, e a escola deve evoluir para preparar indivíduos com capacidade para atuar neste mundo complexo e diversificado” (SANTALÓ)

Logo, o uso dos computadores e da internet, bem como dos jogos eletrônicos pode auxiliar o professor nesta etapa “acelerada” em que vivem as pessoas. As crianças nascem, hoje, numa geração virtual, onde tudo é muito rápido e prático. Daí, a necessidade da Matemática adaptar-se aos padrões do mundo de hoje.
É possível afirmar que o uso de jogos eletrônicos instiga e desperta interesse pelo raciocínio lógico e é justamente isso que o professor precisa deixar claro para os seus alunos: o objetivo de se estar “estudando brincando”, para que o jogo não seja visto como um motivo apenas de lazer. È preciso relacionar o prazer ao conhecimento, ao estudo.

“(…) como o mundo atual é rapidamente mutável, também a escola deve estar em contínuo estado de alerta para adaptar seu ensino, seja em conteúdos como em metodologias (…)” (SANTALÓ)

Mas e as escolas e/ou instituições educacionais que não possuem este recurso tecnológico?

É preciso agilizar as aulas e o uso de jogos de tabuleiro e jogos confeccionados pelos próprios alunos pode auxiliar muito para despertar os alunos a “desbloquear” e quebrar alguns tabus de que a Matemática não serve para nada, de que é difícil e complicada, que é preciso decorar tudo e que é uma matéria não humana, no sentido social da expressão.

Os jogos utilizados em sala de aula têm se mostrado eficientes para auxiliar o aprendizado da Matemática, pois além de mobilizar o aluno para aprender também é possível trabalhar conteúdos matemáticos, como, por exemplo, o uso do tangram para que o aluno reconheça formas geométricas e de que maneira elas são utilizadas no nosso dia a dia.
Essa postura pode ser adotada desde a educação infantil até as séries do Ensino Médio, variando o grau de dificuldade e lógica dos jogos.

Além de levarmos em conta a sociedade globalizada e “cibernética”, na qual estamos envolvidos, a didática coerente e a significação da matéria, é preciso atentar para o que o estudioso Gardner aponta como “Inteligências Múltiplas”. Ao prepararmos uma aula temos de levar em conta de que nem todas as crianças aprendem da mesma maneira e que é interessante reforçar o objetivo do estudo de maneiras que contemplam as mais variadas Inteligências Múltiplas. Isto não significa preparar 7 ou 9 aulas diferentes com o mesmo conteúdo, mas abordá-lo de distintas maneiras, utilizando ora a escrita para reforçar os conteúdos, ora músicas, figuras, brincadeiras em sala, jogos, etc.
Na verdade, não existem receitas prontas na área educacional, muitos acertos, que depois são observados e passam a ser alvo de nossos estudos, foram na verdade parte de muitas tentativas de ensaio e erro.

Talvez, a maior dificuldade dos professores seja a de transformar e/ou quebrar o tabu de que os conhecimentos estão prontos e os alunos os receberão em sua totalidade. O aluno precisa construir o seu próprio desenvolvimento, aprender a aprender e para que o aluno sinta-se confiante nessa jornada, é preciso dar subsídios a ele, mas também estimulá-lo a ponto de que os passos sejam por dados por ele, com significação e objetivos.

“(…), é importante ensinar a aprender, coisa que o aluno terá que fazer por si só quando concluir seu ensino na escola, e se liberar do professor” (SANTALÓ)

Vale ressaltar também que o aluno precisa querer aprender, e que os professores são os mediadores no processo ensino-aprendizagem. Daí, a insistência da motivação, da aprendizagem significativa para que o aluno queira aprender e seja ativo no seu desenvolvimento cognitivo-social, enfim para que desperte em si mesmo o “aprender a aprender” e o “querer aprender”, fatores imprescindíveis para uma educação de qualidade.

PAULA CRISTINA CORREA FRANCISCO

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Para saber mais:

NETO, Ernesto Rosa. Didática da Matemática. São Paulo: Ática. S/D.

SANTALÓ, Luis A. “Matemática para não matemáticos”, in PARRA, Cecília; SAIZ, Irma. (orgs). Didática da Matemática: Reflexões Psicopedagógicas. Porto Alegre: Artmed, 1996

http://www.mathema.com.br/default.asp?url=http://www.mathema.com.br/intel_multiplas/teoria_formac.html

http://www.mathema.com.br/default.asp?url=http://www.mathema.com.br/intel_multiplas/conhec_intel.html

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Algumas considerações…

Por: Nathaly Felipe Ferreira Alves

Personagem que figura a mitologia egípcia, grega e babilônica a Esfinge é sinônimo de força, de poder, mas também de mistério, introspecção e autoconhecimento.

Antes de continuarmos nossa exposição das principais figuras da mitologia egípcia, gostaríamos de refletir, ainda que minimamente, sobre o que, afinal, representa a mitologia. Ousamos também entender quais seriam seus possíveis propósitos.

A gênese de todos os mitos perde-se nas brumas do tempo. Não se pode dizer exatamente de onde essas histórias realmente advêm. E, apesar de magníficas, geralmente tais narrativas não são “palpáveis”, na medida em que gravitam na órbita do maravilhoso, do onírico, do mágico. Justamente por este motivo, de maneira geral, a mitologia não agasalha as tais “verdades científicas”, porque transportá-la ao real seria como destituí-la de todo o seu encanto.

Se não sabemos sua origem, podemos saber sua função?

Para que servem os mitos? Além de possuirem, como já mencionamos, um cunho totalmente imaginoso, capaz de nos levar às viagens mais incríveis do gênio humano, capaz de nos maravilhar, a mitologia aborda os temas ocultos, parcamente compreendidos pela razão.

Mas… tentemos entender o valor da mitologia para os nossos ancestrais. Tarefa árdua, uma vez que não podemos voltar aos primórdios dos tempos da criação destas histórias, tampouco possuimos  a visão dos antigos. Podemos, contudo, promover uma tentativa, desde que nos inclinemos à visão de outrora. Imparcialidade? Não. Não podemos alcançá-la. Mas, se pudermos ao menos entender o pensamento dos antigos, com o ideário deles (fazendo isso com o mínimo de pesquisa e desprendimento às considerações “modernas”, bem como sem o preconceito proveniente da falta de consciência histórica, por assim dizer) talvez possamos entender a função dos mitos.

Remetendo nosso pensamento à Antiguidade, os mitos não indicariam algo considerado falso (afinal, hoje em dia, esse é um dos sinônimos da palavra), senão o código segundo o qual as divindades transmitiam sua linguagem e seus ensinamentos à humanidade. Por meio deles, desta forma, seria possível estabelecer uma real conexão com os imortais, aprendendo com eles.

Entendendo as condições criativas e criadoras dos mitos, pensemos: por que a mitologia apresenta uma linguagem na maioria das vezes ambígua? Seguindo a linha de aprendizado que o mito nos proporciona, não aprendizado moral, mas essencial, podemos sugerir que a humanidade precisa aprender a interpretar para encontrar o seu próprio caminho. Nenhum deus, portanto, poderia falar diretamente com um indivíduo humano. Este precisa deixar-se levar pela névoa do mito, pelo mundo mágico do mito para entender o mundo real. Conhecer as possibilidades.

Encarando os mitos desta forma, compreendemos porque eles não precisam competir com a ciência, por exemplo. A mitologia nos mostra os mistérios da vida, narrando nossos dramas existenciais coletivos e individuais. Traduzem nossas alegrias e tristezas, enfim… Enquanto criação humana, a mitologia canaliza todos os nossos anseios e medos e nos ensina a enfrentar os nossos dragões.

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Por: Nathaly Felipe Ferreira Alves


A civilização egípcia  que se manteve ativa por mais de três mil anos. Foi responsável pela criação de um império religioso-científico eminente. Criadores de alguns princípios da matemática, da astronomia, da medicina e da agrimensura, os egípcios também foram desenvolvedores de um código linguístico incrivelmente complexo e  rico, os hieróglifos, a que demos uma rápida atenção no último post.

Permeada em uma atmosfera de fascínio e de mistério, e amparada sobre intensa efervescência cultural, principalmente promovida pelas lendas, floresceu a mitologia egípcia.

A mitologia dos egípcios agasalha as mais diversas divindades, as quais comumente podemos relacionar, em grau de similaridade, com outros panteões. O grego, por exemplo, apresenta variadas expressões mitológicas semelhantes às do Egito.  Preferimos, contudo, relembrar apenas as deidades consideradas “principais”, as mais significativas. Além disso, como dissemos, existem inúmeros deuses que foram criados e cultuados pelo povo. Muitas destas entidades cósmicas, porém, apresentam forças, virtudes ou falhas, arquétipos, enfim, semelhantes.

Há especulações que mencionam os atlantes como os criadores da mitologia do Egito (sabendo que a sua grande ilha iria sucumbir, os sábios deste povo, conhecido pelo mistério de seu desaparecimento e de sua possível super-tecnologia, enviaram a outra região entidades especiais, que, por sua vez, maravilhadas com o povo que vivia ao entorno do Nilo, decidiram lá se estabecer e ensinar a agricultura).

Outros, pensam se tratar os deuses do Egito Antigo, dos faraós da era pré-dinástica. Eles teriam governado com justiça, estabelecendo os limites do país e ensinando a civilização e a agricultura ao povo. Dessa crença, advém a ideia de  que é comum e correta a prática dos casamentos entre e os faraós e as rainhas ocorrerem muitas vezes entre irmãos. O  laço consanguíneo próximo, acreditava-se, purificava mais a união nobre e, os deuses também se casam entre irmãos. O casamento, portanto, elevava a condição humana.

Deuses egípcios (para algumas linhas de pesquisa os Neteru*)

Os deuses do princípio criador

Nun (as águas primordiais, a partir das quais todo o mundo foi engendrado; é a divindade ancestral) e Aton (o rei de todos os deuses, aquele que criou o universo. É o mesmo deus que gerou Shu, o ar, e Tefnut, a umidade).


Eneada – os nove principais

Amon – deus sol: o deus-carneiro de Tebas, rei dos deuses e patrono dos faraós. É o senhor dos templos de Luxor e Karnac. Tem por esposa Mut e por filho Khonsu. Seu culto data de 2000 a.C. Sob o nome de Amon-Rá é criador da ordem divina. Ele é o sol que dá vida ao país. Amon tornou-se um título monárquico, mesmo título que Ptah e .

Shu (deus do ar e da luz) e Tefnut (deusa da umidade e da graça): este casal constitui a sístole e a diástole universais e a atmosfera. Shu é a personificação da atmosfera diurna que sustenta o céu. Tem a tarefa de trazer o deus Sol, seu pai, bem como o faraó à vida ao alvorecer. É a essência da condição seca, do gênero masculino, calor, luz e perfeição. É representado como o homem que segura Nut, a deusa do céu, para separá-la de Geb, o deus da Terra (seus filhos). Já Tefnut espera o sol libertar-se do oriente para recebê-lo. A deusa é irmã e mulher de Shu. É o símbolo das dádivas e da generosidade, também conhecida por afastar a fome. Este casal representa o “ritmo do universo”.

Get (a Terra) e Nut (o firmamento): Get é o suporte físico do mundo material, sempre deitado sob corpo da esposa. Ele é o responsável pela fertilidade e pelo sucesso nas colheitas, estimulando o mundo material dos indivíduos e lhes promovendo enterro no solo após a morte. Este deus umedece o corpo humano na terra e o sela para a eternidade. Nas pinturas é sempre representado com um ganso acima de sua fronte. Nut é deusa do céu que acolhe os mortos no seu reino. Com o seu corpo esbelto, ornamentado por estrelas, encarna a curvatura da abóbada celeste que se estende sobre o planeta. É como um carinhoso abraço da deusa do céu sobre Geb, o deus da Terra. Nut e Geb são pais de Osíris, Ísis, Seth, Néftis e Hathor. Osíris e Ísis já se amavam no ventre da mãe e a perversidade de Seth evidenciou-se, logo ao nascer,  rasgando o ventre materno. Note-se, agora, uma disparidade com o mito de criação grego: Gaia (Géia) é a personificação feminina do planeta, mantendo um relacionamento de passividade com Urano, o céu (masculino).

Osíris (o deus do julgamento, dos mortos, pai e senhor de todo o Egito): sua gênese consta nos relatos da criação do mundo, sua geração é a ultima a acontecer e não representa mais os elementos materiais (como o céu, a terra, etc.). Há um mito que narra a ressurreição da vida relacionada com a cheia do Nilo, que mantém relacionamento com este deus. Osíris é morto, destruído e ressuscitado, relembrando, assim, a morte e a vida da vegetação e de todos os seres. Desta maneira, ele é o deus dos mortos e da ressurreição, rei e juiz supremo do mundo dos mortos. Acredita-se que ele tenha sido o primeiro Faraó e que ensinou aos homens  a civilização e a agricultura ao entorno do rio sagrado. Pensa-se ainda que seu mito teria similaridade com a história de Cristo.

Ísis (deusa mãe, protetora do Egito): resultado da união do material e do espiritual, é a mais popular de todas as deusas egípcias, considerada a deusa da família, o modelo de esposa e mãe, invencível e protetora. Usa os poderes da magia para ajudar os necessitados. Ela criou o rio Nilo com as suas lágrimas. Reza a lenda que, após a morte de seu amado esposo, ela transforma-se em um milhafre para chorá-lo, reúne os seus despojos, empenhando em trazê-lo de volta à vida. De sua pura união com ele, concebe um filho, Hórus.  Perfeita esposa e mãe ela é um dos pilares da tessitura sócio-religiosa egípcia. Sua coroa memora um assento com espaldar (trono) que é o hieróglifo correspondente a seu nome nome. É importante dizer que o conceito da “imaculada concepção”  e de beleza exemplar advém de seu mito. Além de haver possível conexão entre o seu mito e o de Deméter (divindade grega).

Néftis (mãe terra e senhora dos mundos infernais): sempre acompanha Ísis no processo post mortem. Mesmo sendo esposa de Seth, ela permanece solidária à Ísis, ajudando-a a reunir os membros espalhados do esposo defunto da irmã, por quem era apaixonada, e também toma a forma de um milhafre para velá-lo. Como Ísis, ela protege os mortos e os sarcófagos. É ainda na acompanha a Mãe do Egito e o sol nascente,  defendendo-o contra a terrível deusa serpente Apófis.

Seth (deus da maldade e da guerra): foi considerado Senhor do Alto Egito durante o domínio dos Hicsos. Embora inicialmente fosse um deus de índole benfazeja, com o passar do tempo tornou-se a personificação do mal e da inveja. Era representado por um homem com a cabeça de Tífon, um animal imaginário formado por partes de diferentes seres, com a cabeça de um bode, orelhas grandes, como um burro. Associavam-no ao deserto aos trovões e às tempestades. A pugna entre Osíris e Seth é  a representação da terra fértil contra a aridez do deserto.  Tinha apreço por alguns crocodilos do Nilo que personificavam os defeitos humanos, assim como os nossos medos. Em suma, Seth é o par antitético de seu irmão Osíris.

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* anjos de deus: as diversas facetas de um mesmo deus, criador de tudo.

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Em um próximo post, falaremos sobre as divindades superiores do Egito.

Até lá…

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Entrevista realizada por email, em setembro de 2008, que é publicada pela primeira vez neste momento. Nesta entrevista, o professor e lingüísta fala sobre seus livros, sobre Saramago e a Revista Veja, sobre o Acordo Ortográfico, e principalmente sobre seu livro Preconceito Lingüístico: o que é, como se faz.

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Gaia — Marcos, em leitura do seu livro Preconceito Lingüístico ficou evidente a questão da linguagem com a qual você expõe as situações-problema, para alguns agressiva e para outros apaixonada, politizada. Preconceito Lingüístico é um livro científico ou um manifesto?

Marcos – O livro Preconceito lingüístico é um manifesto, sim, e isso é declarado já na apresentação da obra, em que tomo uma posição política bem definida, quando, nas primeiras linhas, cito Aristóteles e digo que é impossível tratar da língua sem fazer política ao mesmo tempo. Evidentemente, as idéias que sustentam esse manifesto têm fundamento científico, provêm das muitas pesquisas e descobertas feitas pelas ciências da linguagem no último século.

Gaia — O preconceito lingüístico, como abordado em sua obra, é resultado de um preconceito maior, de ordem social. A mudança de postura no ensino da língua pode colaborar para uma transformação social profunda?

Marcos – Acredito que sim. A pedagogia tradicional, no ensino de língua, foi a grande propagadora e perpetuadora do preconceito lingüístico, desde os primórdios da civilização ocidental. As noções de “certo” e “errado” tão impregnadas na nossa cultura foram incutidas, basicamente, por essa pedagogia que tratava a língua falada como um amontoado de erros, como uma realização imperfeita de uma “língua” supracelestial, uma espécie de entidade mística somente alcançável por meio da ascese e da iluminação espiritual. As novas práticas de ensino, voltadas para o reconhecimento do saber prévio dos alunos e para a valorização dos saberes locais, decerto podem vir a contribuir para a eliminação ou ao menos a diminuição do peso do preconceito lingüístico em nossa sociedade. De todo modo, o preconceito lingüístico é somente uma faceta de um preconceito social mais amplo e enraizado. Somente a plena democratização das relações sociais vai permitir, não a extinção dos preconceitos, porque eles fazem parte da própria natureza humana, mas vai permitir o combate sistemático a toda forma de discriminação.

Gaia — A questão do preconceito lingüístico se vê evidenciada também em outros países subdesenvolvidos de língua portuguesa?

Marcos – O preconceito lingüístico existe em todas as culturas, sejam elas desenvolvidas ou subdesenvolvidas. Muitos lingüistas estrangeiros, sobretudo europeus, quando lêem o meu livrinho dizem que a situação que descrevo para o Brasil também se verifica em seus países. Evidentemente, o peso da discriminação varia de país para país, mas ela sempre existe. A codificação de uma língua escrita, padronizada, e a imposição desse padrão lingüístico sempre cria, inevitavelmente, o preconceito contra todas as formas de falar que não correspondam a esse padrão.

Gaia — O ensino de gramática ainda é predominante nas salas de aula e ainda nos vemos sob a ditadura da análise sintática. A análise sintática é um bom método para aprender a língua? Quais outros métodos podem ser utilizados para ensinar língua para os jovens de ensino fundamental e médio?

Marcos – Já está provado e comprovado que não tem cabimento algum “ensinar gramática” nos primeiros anos de escolarização. A grande maioria dos lingüistas e educadores já abraçou a tese de que a sistematização gramatical, a metalinguagem, a análise lingüística etc. devem ser deixadas para o ensino médio. No ensino fundamental, a grande tarefa nossa é letrar os alunos, levá-los a se inserir plenamente na sociedade letrada. E para isso é preciso ler e escrever e não saber a suposta diferença entre “adjunto adnominal” e “complemento nominal”. Esse conhecimento não serve rigorosamente para nada.

Gaia — Saramago, no documentário “Língua — Vidas em Português” diz que a língua se tornou tão complexa que cada vez utilizamos menos palavras para nos expressar, e estamos passando por um processo de “involução” da língua onde logo estaremos emitindo sons guturais para nos comunicar. Na sua opinião, esta situação condiz, ou então te preocupa?

Marcos – Os escritores, em geral, são os piores comentaristas que existem para falar de língua. Essas declarações do Saramago só fazem comprovar isso. Qualquer lingüista sabe que não existe “involução” de língua nenhuma. Não existe língua complexa nem língua simples, todas as línguas são igualmente complexas, só que essa complexidade se manifesta, em cada língua, com maior predominância em determinado nível do sistema lingüístico: umas têm a sintaxe mais complexa, outras têm a morfologia, outras a fonologia, outras o léxico e por aí vai. O chinês mandarim, por exemplo, tem uma sintaxe extremamente simples e quase não tem morfologia; no entanto, sua fonologia é complicadíssima, as palavras têm diferentes tons, quase imperceptíveis para ouvidos ocidentais. Muitas línguas indígenas brasileiras têm uma morfossintaxe extremamente complexa, com uma riqueza de composição nominal, de recursos derivacionais capazes de deixar tonto qualquer falante de português…

Gaia — O próprio Saramago diz que não temos uma língua portuguesa, e sim, línguas em português. Evanildo Bechara diz que os educadores têm que tornar os alunos “poliglotas dentro da própria língua”. Mário de Andrade na voz de Macunaíma já elogiava ironicamente nossa capacidade de escrever em uma língua e falar em outra. Estaria a língua portuguesa já dividida em “romances” assim como o Latim esteve, só esperando por ganhar uma forma escrita definitiva? Como se posiciona o professor na sala de aula, tendo que conviver com um pseudo-bilingüismo, ou o que seja?

Marcos – Eu acredito que o português brasileiro (que já poderia ser chamado simplesmente de brasileiro) já é uma língua distinta do português europeu. Assim como podemos montar árvores genealógicas que partem do latim e se distribuem em ramos pelas diferentes línguas românicas, 500 anos de história colonial já nos permitem criar uma árvore genealógica que, partindo do galego arcaico, século XI-XII, se distribuiria em diferentes ramos que incluiriam o brasileiro e os crioulos de base portuguesa. Somente quando assumirmos que temos uma língua distinta da de Portugal é que poderemos abandonar as gramáticas normativas que tentam fazer uma descrição de uma super-língua que não é língua de ninguém, como a de Celso Cunha & Lindley Cintra, e fazer uma gramática que realmente descreva o brasileiro.

Gaia — Como você vê o novo Acordo Ortográfico assinado recentemente? Em que os professores, estudiosos e usuários da língua ganhamos e perdemos?

Marcos – Sou contra o acordo ortográfico e já sei de antemão que ele não vai entrar em vigor nunca. Aliás, é ridícula essa história: se o acordo é para unificar a ortografia, como é que bastam três países (dos oito) para que ele seja instituído? Isso tudo é maquinação de diplomatas. Educadores e lingüistas sabem que esse acordo não serve para nada, a não ser para jogar fora milhões de livros produzidos em países onde se publica pouco e mal.

Gaia — Sua obra tem muitos títulos voltados para o público infanto-juvenil, como por exemplo O papel roxo da maçã e O espelho dos nomes. Comente um pouco sobre o interesse do escritor em abordar temas voltados à língua para tal público.

Marcos – Em minha produção literária procuro sempre escrever em português brasileiro urbano contemporâneo, porque acho ridículo usar mesóclises e regências verbais quinhentistas quando se escreve hoje para crianças e jovens no Brasil.

Gaia — Há um certo tempo, a revista Veja publicou uma matéria de capa sobre como o português bem falado pode ajudar em uma carreira profissional bem-sucedida. Conte-nos, Marcos, quais os segredos da língua?

Marcos – Não acredito em “segredos da língua”. Se eles existem, estão ao alcance de todo e qualquer falante, e portanto não são segredos.

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Marcos Bagno é lingüista, escritor e tradutor. Doutor em Filologia e Língua Portuguesa pela USP, atualmente é professor de Lingüística na Universidade de Brasília (UnB). Entre seus principais títulos estão: Dramática da Língua Portuguesa, Português ou Brasileiro? Um convite à pesquisa e A língua de Eulália (ficção), além de dezenas de obras literárias. Traduziu autores como Balzac, Sartre e Oscar Wilde. (mais em www.marcosbagno.com.br).

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Entrevista a Lucas de Sena Lima

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Mitologia egípcia – uma introdução

Por: Nathaly Felipe Ferreira Alves

Este é o primeiro post que versará sobre a cultura egípcia da Antiguidade.

Abu Simbel

A civilização egípcia e sua grandiosidade encantaram os antigos, influenciando, ainda que, às vezes indiretamente, a cultura religiosa e científica dos gregos – berço da civilização ocidental – como alguns gostam de apontar. O fascínio exercido pelo Egito e seus mistérios tem, contudo, atraído muito atenção e consideração mesmo hodiernamente.

A história do Egito remonta a 3000 a. C., com o que os historiadores denominam de “as grandes dinastias”, período imperial em que o poder faraônico preponderava. Menes foi o primeiro faraó, importantíssimo ao império. Fundador da cidade de Menfis, Menes delimitou as fronteiras territoriais do país (que na Antiguidade, estendiam-se do Sudão atual até o Mar Mediterrâneo), bem como construiu templos destinados a Hórus, a Ísis e a Osíris.

Existe uma linha de pesquisa que crê em uma gênese mais antiga da civilização do Egito. Tal raciocínio alega que ela existiria desde o desaparecimento dos atlantes, atribuindo ao fenômeno a data de 12.000 atrás.

A soberania dos faraós se extinguiu em 525 a. C., ano em que o Egito foi incorporado ao Império Persa. A partir deste

Pedra de Roseta - encontrada na cidade de Roseta, no Egito, esta pedra contém a chave para a decifração dos hieróglifos (escritos sagrados). No final do século XIX, o francês Champollion, considerado o pai da Egiptologia, decifrou seu conteúdo a partir da comparação do copta com o demótico e grego antigo (idiomas encontrados na inscrição). A Roseta traz a mensagem de sacerdotes que elogiam a honradez e a probidade de uma faraó. Abaixo da mensagem, há uma instrução: a informação da pedra deve ser disseminada pelo mundo. Daí, advém a tradução em grego e demótico, para a sorte do francês Champollion.

 momento, a nação das pirâmides estava fadada a sofrer inúmeras invasões. Em 332 a. C., Alexandre Magno anexou o país à Grécia. O domínio grego durou cerca de 300 anos e foi responsável por uma intensa troca cultural, como se mencionou anteriormente.

Em 30 a. C, Roma e suas belicosas legiões invadiram o Egito, que permaneceu como província romana até 395 d. C. Mesmo ano em que o país passou ao domínio do Império Bizantino. Em 640 da nossa era, ocorreu a invasão árabe que perdurou até 1517 e redefiniu a religião dos egípcios até os dias atuais: a mensagem maometana tem vez e voz. Já em 1517, o Egito é subjugado ao poderio turco.

Mesmo Napoleão, grande admirador da cultura dos faraós, ocupou durante dois anos o país (após vencer os turcos em 1798). Em 1882, a Inglaterra conquistou o território egípcio, criando o “Protetorado Britânico”. Finalmente em 1953, é fundada a República do Egito.

Situado praticamente dentro do deserto do Saara, o Egito possui até hoje um verdadeiro presente dos deuses que permite à população viver a sua volta, assim como permitiu florescer a rica cultura das antigas dinastias: o rio da Vida, o Nilo (que, curiosamente, corre de Norte a Sul e não de Leste a Oeste, como se observa em outros rios).

Manancial infindável da imaginação, o Egito divide com a humanidade sua cultura intensa e reveladora. Em um futuro post, falaremos um pouco mais sobre o Mitologia dos Egípcios e da sua visão de mundo.

Até lá!

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                       Autismo Infantil e Síndrome de Asperger compõem o espectro autístico e se caracterizam pelos impedimentos graves nas áreas de interação social, comunicação verbal e não-verbal e outros interesses. No entanto, é preciso ressaltar algumas diferenças presentes em cada um dos transtornos.

                        Em 1943, Kanner propôs a definição “Distúrbio Autístico do Contato Afetivo” (Autismo Infantil) com as seguintes características: perturbações das relações afetivas com o meio, solidão extrema, inabilidade no ato da comunicação, presença de potencialidades cognitivas, aspecto físico normal, rituais (estereotipias), início precoce e incidência predominante no sexo masculino.

                        Sabe-se que em indivíduos autistas existe uma incapacidade na identificação, compreensão e na atribuição de sentimentos e intenções, o que ocasiona prejuízo nas relações interpessoais.

                        Em 1944, o estudioso Asperger definiu “Psicopatia Autística” (Síndrome de Asperger) como um distúrbio com severos problemas de interação social. Depois foi descrita com um transtorno de prejuízos específicos nas áreas da comunicação, imaginação e socialização. Também depois conhecida como a “síndrome do gênio autista”.

                        Para diferenciar um transtorno do outro foram considerados dois critérios importantes: período de aquisição da fala e a idade de identificação do diagnóstico.

                        A Síndrome de Asperger distingue-se do Autismo Infantil pelo fato de não de não se verificar retardo ou alteração significativa da linguagem, bem como do desenvolvimento cognitivo, embora os indivíduos apresentem dificuldade de reconhecimento de regras convencionais da conversação e uso restrito de sinais não-verbais, como o contato visual, expressão facial e corporal. Vale lembrar que não há uma idade “certa” para a manifestação desta síndrome, diferentemente do Autismo Infantil que é manifestado antes dos 3 anos.

                        É preciso que haja buscas por conceitos e critérios diagnósticos mais precisos, tendo em vista a dificuldade dos estudiosos em classificarem esses transtornos globais do desenvolvimento e, além disso, que intervenções adequadas possam ser identificadas tanto no caso de Autismo Infantil quanto no de Síndrome de Asperger.

http://www.youtube.com/watch?v=rloNvRuzwzE. Vejam esse matéria sobre Síndrome de Asperger publicada no Fantástico (Globo) sobre Glenn Gould, pianista com Síndrome de Asperger e um dos melhores representantes da música de Bach.

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PAULA CRISTINA

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Fonte: Artigo: “Uma breve revisão histórica sobre a construção dos conceitos do Autismo Infantil e da síndrome de Asperger”, por Ana Carina Tamanaha, Jacy Perissinoto, e Brasília Maria Chiari (2008).

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